domingo, 6 de dezembro de 2009




O céu azul, a brisa gelada que sopra do mar, as folhas de coqueiros carregados oscilando com o vento. O calor gostoso do sol fraco de inicio de primavera, os passos na areia branca de uma praia quase deserta. Sentar na areia fofa e quente e ficar apenas olhando o mar, esperando o momento em que uma gaivota mergulha como uma flecha e volta para a superfície. O brilho prateado do peixe em seu bico. A paz de não pensar em mais nada, além de em você. A felicidade de não precisar de mais para ser feliz.

A praia vazia no final de tarde me faz viajar. Minha mente voa longe. Cruza céus e mares e chega perto de você. Nem preciso fechar os olhos para te ver em minha mente, sorrindo para mim. Sinto o seu cheiro bom, em meio à brisa que vem do mar. O cheiro doce de amor e de encantos mil. O vento sussurra em meus ouvidos, como você deveria fazer. E ele me diz que te espere mesmo que em algum lugar distante, onde te encontrarei livre, feliz por me ver chegar. Caminho até o mar. A água gelada e transparente me lava a alma. Mergulho um pouco e me deixo ficar, embalada pelas ondas, te imaginando aqui comigo.

Olho um casal que brinca na beira-mar, sorrisos e afagos iluminam seus rostos marcados pelas rugas da idade. Os cabelos, brancos como a areia que pisam, estão molhados pelo mar. São tão belos, em sua felicidade madura, em seu amor que resistiu ao tempo e às dificuldades que a vida nos traz. São belos ao guardarem dentro de si a capacidade de amar. Olho bem para aquelas rugas. Penso em quanta dor e em quanta perda eles já tiveram. Em quantas decepções e em quantas vezes cada um deles teve que aceitar. Seus olhos, mesmo sorrindo, trazem a sabedoria de quem já viveu muito e a experiência de quem aprendeu com a vida. Olho para eles e os acho ainda mais belos. Um grande cão caminha ao lado deles, ao mesmo tempo seu amigo e protetor.

Eu não os invejo. Eu os amo, mesmo sem conhecê-los. Amo-os por me mostrarem, num instante fugaz, que é possível ser feliz. Sorrio e desejo que a nossa vida seja tão plena quanto à daquele casal que caminha para longe, seguido por seu belo cão, numa tarde de final de inverno. O sol se põe num horizonte vermelho alaranjado. Olho para ele com os olhos cheios de lágrimas e penso que realmente sou feliz.
 

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